Araucária deu um passo decisivo para enfrentar o problema da violência no ambiente escolar. A cidade realizou na manhã de sexta-feira, 14 de junho, o 1º Fórum Municipal de Prevenção à Violência nas Escolas. Os debates aconteceram no auditório da Facear.
O fórum reuniu professores, assistentes sociais, guardas municipais, o poder público municipal, conselhos tutelares, pais, mães. É um ponto de partida para se fazer chegar esta mobilização a toda a sociedade.
A primeira atividade do dia foi a apresentação da dança afroindígena do maculelê, pelos alunos da Escola Municipal Rui Barbosa.
Em seguida falaram representantes das instituições que tomaram a frente neste esforço, sendo o Sismmar, as Secretarias da Educação e da Segurança Pública e o Conselho de Assistência Social.
A coordenadora geral do Sismmar Giovana Piletti lembrou que esta iniciativa pelas escolas, que sentiram a necessidade de encarar o problema. E apontou para o debate das Comissões Internas de Prevenção à Violência Escolar, já previstas em lei e que precisam ser conhecidas pelas unidades escolares.
Responsabilização
A professora Letícia Moutinho Kulaitis, do Departamento de Ciências Sociais da UFPR, fez a palestra de abertura. Ela reforçou que os adultos têm responsabilidade na forma como os jovens se relacionam com a sociedade. “As crianças e os jovens são nossos espelhos”, afirma a doutora.
Esta referência devemos considerar quando falamos na redução da idade penal. Letícia propôs olhar o modelo da Inglaterra. Lá se observou que a violência cresce em locais de fraca oferta de serviço público para o bem estar social. Portanto, ao invés de criminalizar, deve-se tentar solucionar os problemas que potencializaram o delito ou a infração.
O que se propõe no Brasil é retirar a responsabilidade da sociedade e do poder público e jogá-la somente para o indivíduo.
Ação pública
Para o Fórum atingir seu objetivo será necessário estabelecer políticas sociais que sejam assumidas pelo poder público. Cobrar sua execução e melhorar as condições de vida das pessoas em todos os bairros e vilas.
A doutora também ressaltou que os profissionais que trabalham na educação, incluindo funcionários, precisam ter formação para saber distinguir as situações de conflito daquelas que degeneram para a violência. “O conflito, seja de geração, de classe ou outro, o conflito faz parte do processo de desenvolvimento da criança. É preciso saber fazer a intervenção pedagógica para resolver o conflito por formas não violentas”, disse Letícia Kulaitis.
“Política de combate à violência na escola não terá resultado se não houver política de combate à violência fora da escola”, complementou.