Com o término da ocupação do prédio central da Universidade do Chile, os estudantes de ensino superior encerraram nesta quarta-feira mais de seis meses de mobilizações que exigiam educação pública, gratuita e de qualidade.
Os estudantes secundaristas fizeram o mesmo, após desocupar nesta quarta-feira o emblemático Instituto Nacional, que abrigava 3 mil alunos. Os dois edifícios ficam a duas quadras do Palácio de La Moneda, sede do governo chileno.
Dessa forma, os dirigentes estudantis desconvocaram uma mobilização que estava agendada para esta quinta-feira. A desocupação da Universidade do Chile por parte de cerca de 150 estudantes não esteve isenta de tensão. Alguns saíram do prédio agredindo, enquanto outros lançavam “bombas de água” contra jornalistas e transeuntes irritados com a medida tomada pela direção da Federação de Estudantes da Universidade do Chile (FECH) de devolver o prédio.
A entidade tinha se comprometido a ceder nesta quarta-feira. Enquanto os jovens deixavam o local, dois funcionários de limpeza pública chegaram cedo para limpar e pintar a fachada do edifício. Em menos de duas horas, os muros ficaram limpos das palavras de ordem pichadas.
Além disso, com a ajuda dos estudantes, os funcionários de limpeza tiraram um extenso cartaz preto que estava pendurado na fachada e tiraram o capuz que, durante os protestos, cobria o rosto da estátua do filósofo venezuelano Andrés Bello, um dos inspiradores e criadores da Universidade do Chile, em 1842.
A poucos metros dali, o prefeito de Santiago, Pablo Zalaquett, e o reitor da universidade, Jorge Toro, receberam dos estudantes a devolução do prédio do Instituto Nacional. “Temos muito a limpar e reparar para que o colégio possa começar as aulas em março”, disse Toro aos jornalistas. Ele reconheceu que os dirigentes tentaram manter a ordem a todo custo, mas afirmou que houve um grupo de aproximadamente 30 alunos que causou distúrbios e vandalismo.
“Eles queriam impedir a entrega do colégio, apesar da realização de uma votação democrática. Já os identificamos e vamos aplicar todo o regulamento interno, porque não podemos permitir que continuem (estudando) aqui”, declarou o reitor. Já o prefeito Zalaquett disse que pretende solicitar os recursos necessários para reparar o colégio ao Ministério da Educação.
As mobilizações dos estudantes começaram em meados de maio para exigir que o governo central voltasse a administrar a educação primária e secundária, que proíbisse o lucro de instituições educacionais privadas e que se garantisse na Constituição o direito a uma educação pública e de qualidade.
No entanto, o atual presidente da FECH, Gabriel Boric, assinalou na segunda-feira passada que, no ano que vem, os estudantes retomarão as mobilizações estudantis, pois, segundo ele, é preciso enfrentar o governo intransigente, “que não está disposto a mudar sua visão de educação”.
Fonte: Educaterra (Portal Terra)