Os professores de Araucária e os diretores do Sismmar participaram na manha desta terça-feira (24) da abertura das atividades do Fórum Mundial de Educação (FSM), evento que acontece em Porto Alegre, entre os dias 24 e 29 de janeiro, juntamente com Fórum Social Temático (FST-2012). Com o lema Crise capitalista, justiça social e ambiental, o evento visa debater os rumos da educação gratuita, de qualidade em escala planetária e com respeito ao meio ambiente. Estas e outras bandeiras foram levadas para as ruas de Porto Alegre na marcha de abertura do FST, que saiu do Mercado Municipal com destino ao Gasômetro.
A primeira mesa do FME debateu “Crise capitalista: Causas, impacto e consequências para o mundo da educação”. O objetivo foi mostrar como a crise no modo de produção capitalista influencia a reação dos movimentos sociais. Segundo Nélida Céspedes (CEAAL, Peru), este é o momento para sociedade criar um movimento de liberação. Recorrendo ao mestre Paulo Freire ela falou sobre a pedagogia da indignação. “Nós, dos movimentos sociais latino-americanos, acreditamos que temos muito para contribuir na área da educação, a partir da educação popular. Ela está viva pela sua força ética. Não podemos suportar que sejam violados os direitos que atendem crianças, mulheres, afrodescendentes, jovens e adultos. A educação é para todos. E esse é o valor ético da educação popular”, declarou Nélida.
Para ela, estudiosos como Paulo Freire, que defende a pedagogia crítica, propõe o rompimento com visões eurocêntricas. “O conhecimento surge quando descobrimos que há riquezas culturais em cada um dos nossos países”, finalizou.
Somos 99% – A ativista filipina do movimento feminista Gigi Francisco, destacou que a elite do sistema capitalista e o modelo de educação baseada neste modo de produção esgotou. Gigi afirma que os membros dessa elite são incapazes de dar conta dos problemas que eles mesmos criaram, pois, em todas as partes do planeta, os contratos sociais com a sociedade foram rompidos. E os capitalistas foram denunciados pela eficiência em provocar a destruição.
Outro ponto que ela mencionou foi o fortalecimento do movimento indígena, dos povos originários de diversas partes do planeta, os quais estão em luta em prol dos recursos naturais, e fragilidade do movimento ambientalista. “Talvez não haja mais tempo para nós e para o planeta. Há fraturas nos movimentos em defesa da sustentabilidade – Rio 92, contra o Protocolo de Kioto, discussão de organismos geneticamente modificados e outros. A economia verde não tem a ver com o direito das empresas. Para nós, educadores, temos uma batalha a travar contra o capitalismo. A educação é o impulso para o desenvolvimento sustentável. Os capitalistas ocidentais romperam seus contratos sociais sem qualquer dor de consciência. Somos 99% dos públicos indignados, levando fúria para as ruas. Somos a resistência mundial ao capitalismo”, defendeu.
Em relação à Conferência da ONU sobre o meio ambiente (Rio+20), destacou que estes movimentos sociais devem resistir ao lobby das empresas que farão parte do evento. “Peço aos amigos e amigas do governo brasileiro e do movimento educacional que continuem ao lado do povo. Não vamos deixar na mão de 1% o destino de 99% do público do mundo”, finalizou.