Em assembleia realizada nessa quinta, 13 de setembro, os professores da UFPR, seguindo indicação do Comando Local de Greve (CLG), decidiram suspender a greve a partir do dia 17 de setembro, respeitando o movimento nacional de suspensão unificada na semana de 17 a 21 de setembro.
A categoria, ao optar pela suspensão e não pelo encerramento da greve, demonstra sua insatisfação com o desrespeito do governo às reivindicações de reestruturação da carreira e melhoria das condições de trabalho, reivindicações alicerçadas no princípio de defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade.
A maior greve da história da educação federal, em adesão e duração, conseguiu pautar na sociedade brasileira o caráter precarizador do atual modelo de expansão do ensino superior no Brasil, caráter que expressa o descompromisso do governo com a educação pública e, ao mesmo tempo, seu compromisso com o grande capital. Professores, servidores técnico-administrativos e estudantes colocaram-se em movimento nos últimos meses e ganharam a simpatia da população na defesa da educação pública de qualidade.
Foi a força da greve que fez o governo, que inicialmente afirmou que não negociaria com os professores, postergando até o reajuste de 4% do acordo de 2011, investir R$ 4,2 bilhões na carreira docente, embora de forma contrária aos princípios que defendemos para a carreira. De fato, o governo manteve a desestruturação da carreira e não acenou com o atendimento da reivindicação de melhoria das condições de trabalho.
No plano local, a mobilização da categoria garantiu, dentre outras, a conquista do limite máximo de 12hs/aula semanais, o compromisso por parte da administração com um calendário de melhoria da infraestrutura da universidade e, em conjunto com técnicos e estudantes, a publicização dos órgãos colegiados e a posição contrária do Conselho Universitário (Coun) à implantação da Ebserh na UFPR.
Ao suspender a greve, os professores afirmam a necessidade de se manterem alertas e mobilizados para impedirem as tentativas do governo de retirar direitos da categoria.
Precisamos acompanhar atentamente o trâmite do PL 4368/12, que trata da reestruturação da carreira que o governo encaminhou ao congresso, e pressionar os parlamentares a fazerem alterações no sentido de reduzir as agressões à carreira docente. No mesmo sentido, precisaremos acompanhar atentamente o desenrolar dos Grupos de Trabalho que o governo constituirá com seu braço sindical, e nos quais serão discutidos aspectos como o limite mínimo de 12hs/aula e a definição de parâmetros pelo MEC para promoção na carreira, aspectos que, se aprovados, contribuirão para a intensificação do trabalho docente e para ferir a autonomia universitária.
Precisaremos, ainda, acompanhar o trâmite do projeto de regulamentação de greve que o governo está desengavetando no Congresso. Se aprovado, se constituirá um ataque perverso à livre organização sindical dos servidores públicos, piorando nossas condições de luta em defesa de nossos direitos e das políticas públicas como educação e saúde.
Assim, a suspensão da greve, ao contrário de diminuir a mobilização, nos coloca o desafio de ampliá-la. Ao menor sinal de ataque em qualquer das frentes acima citadas, precisamos estar preparados para retomar a paralisação nacional rapidamente.
Suspender a Greve e Reforçar a Luta!
Comando Local de Greve