Os governos do Estado do Paraná e do Município de Araucária deram nova demonstração de desprezo com os interesses da população. As secretarias da Educação estadual e municipal foram convidadas, mas não enviaram representantes à audiência pública realizada pela Comissão de Educação da Câmara Municipal.
Estava em debate o processo de estadualização do ensino do 6º ao 9º ano. Os debates ocorreram na noite de 21 de outubro, quarta-feira, no plenário da Câmara.
Para não dizer que não deram satisfação, as secretarias enviaram uma correspondência com informações evasivas, apontando para a estadualização, mas sem informar como se dará o processo, se haverá transferência de terrenos e prédios, como ficarão os profissionais.
Todos os questionamentos dos que prontificaram a discutir a questão ficaram sem resposta. Tanto que o presidente da Comissão de Educação, vereador Paulo Horácio, propôs a realização de nova audiência pública, ainda sem data. Esta deverá se ater aos estudos do impacto financeiro da proposta. Sabe-se que o município deve perder recursos do Fundeb – Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica.
O que se sabe de concreto é que o município quer se desfazer da responsabilidade de oferecer educação a estes estudantes. O Estado não se nega, ao menos oficialmente. Porém, o governo do Paraná anunciou o fechamento de pelo menos 70 escolas estaduais em 2016. Pode chegar a 150 escolas fechadas. Qual a esperança para os estudantes araucarienses do 6º ao 9º ano neste contexto de sucateamento do ensino?
E qual a esperança para os professores? Estes não podem ser demitidos, pois foram contratados por concurso público. Não podem ser aproveitados nas séries iniciais, pois a rede municipal não tem cargo único. Eles podem ser cedidos ao Estado, mantendo o vínculo com o Município, mas seu quadro de carreira entraria em extinção, sem receber estímulos para avançar profissionalmente.
Até o início de 2014, o prefeito Olizandro falava em cobrar do Estado os recursos que deveriam ter sido repassados já nos anos 90, quando ocorreu a municipalização em todo o Estado. Na época, as séries iniciais foram repassadas aos municípios.
Araucária já tinha sua rede formada e incluía todo o Ensino Fundamental, séries iniciais e finais e ficou de fora. Mas um termo de cooperação foi firmado para o Estado repassar recursos para a manutenção das séries finais, o que nunca ocorreu.