Porto Alegre – Nem o calor intenso do início ou a chuva forte no trecho final prejudicaram a “harmonia” da marcha de abertura do Fórum Social Temático, que começou nesta terça-feira (24) em Porto Alegre. O encontro que carrega o histórico lema “Um outro mundo é possível” acontece até o próximo domingo (29).
A caminhada entre o centro da capital e o Anfiteatro do Pôr-do-sol, onde ocorreriam apresentações musicais, ocorreu com muita animação. Milhares de manifestantes participaram da atividade, muitos exibindo bandeiras e faixas de movimentos sociais, sindicatos e ONGs. Outros tocavam instrumentos musicais e assopravam apitos.
Membro do Grupo Somos, que discute em Porto Alegre temas do movimento GLBT, Sandro Ka, de 30 anos, celebrava a chance de divulgar sua causa. ”O Fórum nos interessa porque sempre foi um evento marcado pela diversidade e pluralidade, não só das pessoas, mas também dos temas. Aqui a gente tem a oportunidade de demarcar e fortalecer nosso espaço como grupo”, afirmou.
O Fórum Social Temático tem como foco das discussões a crise financeira internacional e o meio ambiente. O debate de propostas para Rio+20, conferência da ONU sobre sustentabilidade que acontece em junho, no Rio de Janeiro, é um dos principais objetivos do encontro. Mesmo assim, não faltam espaços para a discussão de temas diversos, como a causa GLBT.
Interessados no debate sobre sustentabilidade, a estudante de arquitetura chilena Barbara Torres, de 27 anos, e o aluno de filosofia Juliano Bonamigo, de 28, deixaram o Ecoacampamento Aldeia da Paz para participar da marcha.
Eles explicaram um pouco sobre o projeto com o que estão envolvidos. “É uma proposta bem legal e funciona de um jeito alternativo ao acampamento da juventude. Ele prega valores como o da participação coletiva e autossustentabilidade, com idéias como a bioconstrução”.
Nem todos, porém, demonstravam otimismo com os rumos do fórum. O cientista social Thiago Aguiar, de 22 anos e membro do PSOL, avaliou que o encontro ganhou uma “conotação oficial” e reclamou da presença da presidenta Dilma Rousseff, que falará em uma atividade.
”Infelizmente o Fórum não é mais o que era antes, quando era a referência do espaço de discussão e debate dos meios alternativos. Perdeu aquela idéia que tinha antes de ‘um novo mundo é possível’. Agora ele ganhou uma conotação muito oficial”, disse ele, que já participou de outras edições do encontro.
A crítica, porém, não é compartilhada por Ana Luiza, de 49 anos e pela primeira vez em um fórum social. “Estou muito entusiasmada. Ainda não me programei para as atividades, mas vou tentar ir a todas a mesas que tratem de saúde pública, já que é a área em que eu trabalho”, contou ela.
Fonte: Carta Maior