Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Araucária.

Outubro RosaSempre quando chega o mês de outubro é a mesma coisa. Há alguns anos, as prefeituras e os governos gastam rios de dinheiro público em campanhas publicitárias de Outubro Rosa, enfeitam a cidade e as redes sociais de rosa, mas continuam sem investir o quanto poderiam e deveriam em Saúde Pública e atendimento especializado à mulher.

O Outubro Rosa é uma campanha extremamente pertinente e necessária num país como o Brasil, onde o câncer de mama ainda é a principal causa de mortalidade por câncer em mulheres, e tem de ser incentivada. Porém, muito mais do que torrar dinheiro público em propagandas e pequenas ações, é essencial fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) e as iniciativas voltadas à saúde da mulher, o que não vem sendo feito.

Na pandemia a situação é ainda pior, pois devido ao colapso do SUS e a necessidade de isolamento social para a contenção da Covid-19, muitas mulheres deixaram de ir até as unidades de saúde para a prevenção e o tratamento do câncer de mama. O que o governo tem feito para resolver esse problema além de enfeitar cidades de rosa?

Jair Bolsonaro, em mais uma amostra de machismo, misoginia e descaso com a população mais carente, vetou, nesta quinta-feira (07), a distribuição gratuita de absorventes femininos para estudantes e mulheres em situação de pobreza. Outro trecho vetado pelo presidente foi o que permitiria a inclusão de absorventes nas cestas básicas distribuídas pelo Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan).

Mais uma vez, Bolsonaro mostrou que a sua crueldade não tem limite. Há meninas que ainda hoje precisam faltar da escola porque não têm absorventes para utilizar quando estão menstruadas, além das milhares de mulheres em situação de pobreza menstrual e a população carcerária feminina, da qual muitas ainda utilizam miolo de pão como absorvente. Mas, nada disso comoveu o desgoverno.

Para tentar justificar os vetos, Bolsonaro alegou que o Estado, que gasta R$ 15,6 milhões comprando toneladas de leite condensado para o Exército, não tem R$ 7 milhões por mês para comprar os absorventes femininos, que sairiam ao preço de um centavo por unidade. Vê-se logo que a prioridade do desgoverno, definitivamente, não é o bem-estar das mulheres e meninas.

Em Araucária, a situação de negligência não é tão diferente assim. Não adianta o prefeito Hissam deixar a cidade toda enfeitada de rosa se a Prefeitura não trabalha no sentido de promover políticas públicas de saúde para mulheres. Não adianta estimular a realização da mamografia, por exemplo, se as mulheres ainda não têm garantido o direito de serem dispensadas do trabalho para poder fazer esse tipo de exame.

É preciso ir à raiz do problema e isso a Prefeitura de Araucária não tem feito para melhorar as condições e a qualidade de vida das mulheres do município. Pelo contrário, de acordo com denúncias recebidas pelo SIFAR, Hissam teria intervindo para a ex-esposa “furar fila” na clínica da mulher e do idoso para realizar um exame de Ultrassonografia Obstétrica. É esse o exemplo que o prefeito tem para dar?

Qualquer mulher que mora hoje em Araucária precisa, antes de fazer esse exame, ter um encaminhamento da unidade de saúde e depois realizar um agendamento prévio para ser atendida. Para se ter uma ideia, atualmente a UBS Industrial só tem agenda para consulta com ginecologista no final de fevereiro de 2022, mas o que vale para a população parece não valer para as pessoas ligadas ao prefeito.

É urgente que Hissam, que gosta de se aparecer em propagandas que mostram uma Araucária que não corresponde à realidade, faça muito mais do que gastar com propaganda e furar fila. É necessário que atue pelo fortalecimento do SUS, o que também passa pela valorização das servidoras e servidores que atendem diretamente a população e estão com salários e vale-alimentação congelados desde 2019.

O SISMMAR segue na luta pelos direitos das mulheres, em defesa do SUS e pelo reconhecimento e valorização dos servidores públicos que atuam na Saúde e em todas as áreas do serviço público. Valorizar o serviço público é valorizar a população!

Propaganda de Outubro Rosa sem ações efetivas de promoção da saúde e qualidade de vida da mulher é farsa, não se engane! Não se faz política pública em defesa das mulheres investindo apenas em lâmpadas de LED e asfalto!

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