Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Araucária.

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A maior parte dos brasileiros (55,8%) concorda com a seguinte afirmação: “A morte violenta de um jovem negro choca menos a sociedade do que a morte violenta de um jovem branco”. A constatação é de uma pesquisa realizada pelo DataSenado com 1.234 pessoas de 123 municípios entre os dias 1º e 11 de outubro.

O levantamento também mostrou que, para 55,1% dos entrevistados, é correto afirmar que “a principal causa de homicídios de jovens negros é o racismo”.

Os resultados do levantamento Violência contra a Juventude Negra no Brasil foram divulgados ontem, na solenidade em que o Senado aderiu à campanha Igualdade Racial é pra Valer, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. 

O presidente do Senado, José Sarney, assinou ontem o termo de adesão. Na solenidade, foi apresentado o cronograma das ações que deverão ser realizadas pelo Senado até fevereiro de 2015 — como campanhas de divulgação do Estatuto da Igualdade Racial e cursos a distância no Instituto Legislativo Brasileiro (ILB).

— Isso ocorre por causa dos estereótipos e das imagens negativas que o racismo cola no negro. O racismo é uma tentativa de desumanização dos grupos considerados inferiores.Para a ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, os dados mostram que a vida de um branco e a de um negro têm valores diferentes no Brasil:

A ministra consegue enxergar um ponto positivo na fotografia mostrada pela pesquisa. Segundo ela, “os brasileiros estão perdendo o medo de revelar conflitos derivados do racismo que existem na sociedade”:

— Isso é muito bom. Significa que o problema está sendo admitido. Ganhamos mais condições para combatê-lo.

Pobres e ricos

Para a maioria dos entrevistados (62,3%), jovens brancos e negros são mortos por violência na mesma quantidade. Para uma parcela  relativamente pequena (31,4%), os jovens negros são mortos em maior quantidade. Apenas 26,3% acreditam que a cor dos jovens tem influência na quantidade de mortes.

Dados do Ministério da Saúde, entretanto, revelam que a realidade é diferente daquela imaginada pelos brasileiros: dos homicídios de jovens no país, 75% vitimam negros. As mortes de jovens negros passaram de 14 mil em 2000 para mais de 19 mil em 2010.

A noção de que no Brasil a violência mata mais pobres do que ricos, porém, é compartilhada por 90,4% dos entrevistados.

Na opinião de 36,4% dos entrevistados pelo DataSenado, a principal ação para combater o racismo é melhorar o ensino na escola. A mudança nas leis foi apontada por 22,7%. Para 20,8%, a solução está na garantia do cumprimento das leis.

— A partir da pesquisa, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário poderão fazer um trabalho de combate mais forte contra o preconceito — afirmou Paulo Paim (PT-RS).

Segundo o senador, o poder público agiu acertadamente ao aprovar o Estatuto da Igualdade Racial e a política de cotas nas universidades — mudando a legislação e apostando na educação, tal qual desejam os entrevistados pelo DataSenado.

Violência

Questionados sobre as causas da violência contra a juventude, 63% citaram aspectos sociais e 34,8% disseram ser fatores comumente associados ao comportamento juvenil de risco. Quando inquiridos especificamente sobre a principal causa de morte entre os jovens, a maioria indicou drogas (56,2%), acidentes de trânsito (22,4%) e homicídios (19,8%).

O presidente do Senado, José Sarney, se disse indignado com a banalização da violência. Ele é autor de um projeto de lei que aumenta a repressão aos homicídios (PLS 38/12).

— Os crimes dessa natureza não chocam. Precisamos restaurar o valor da vida.

 Fonte: CNTE  |  08/11/12  (publicada originalmente no site do Jornal do Senado)

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