Déficit de atenção, hiperatividade e outros supostos transtornos transformaram-se em diagnósticos comuns em escolas no Brasil e em diversas partes do mundo.
Para a doutora Dra. Maria Aparecida Moysés, da Unicamp, este problema da medicalização de comportamentos é uma nova face do obscurantismo.
Ela fez uma conferência organizada pelo Núcleo de Curitiba do Fórum Sobre Medicalização da Educação e da Sociedade, na noite de terça-feira, 23, na APP-Sindicato.
Aos professores, Maria Aparecida fala que dificuldades e inquietações que crianças apresentam, resultantes de conflitos culturais e das desigualdades sociais estão sendo rotulados, medicalizados e, em muitos casos, medicados.
Assim, ser diferente é uma anomalia neurológica nos dias de hoje. Como na idade média, ser diferente era ser bruxa, feiticeiro ou herege, compara, para caracterizar o obscurantismo. Com a medicalização, tenta-se moldar comportamentos considerados “anormais”.
A professora faz um alerta muito sério aos professores, de que o questionário Snap IV, da Associação Brasileira de Déficit de Atenção, é o principal, senão o único, elemento para diagnosticar a “doença”. Podem ser feitos exames, mas que não acrescentam muita informação para o tratamento.
“Muitos profissionais da educação preenchem o formulário sem saber que podem estar elaborando um ‘veredito’”, afirma a doutora.
Muito mais do que tratamentos, as crianças e adolescentes com dificuldades para se concentrar precisam de escola que valorize as diferenças e combata as desigualdades. Esta é a mensagem do Fórum Sobre Medicalização da Educação e da Sociedade.
O encontro foi uma promovido com o apoio do Sindicato dos Psicólogos, do Sismmar, da APP-Sindicato e do Sinsep.