Chegou mais um 08 de março e as mulheres não têm nada para comemorar. O Brasil segue sendo um dos países mais violentos do mundo para elas, com altos índices de violência doméstica, estupro e feminicídio. O estado do Paraná, por sua vez, registrou mais de 28 mil casos de violência doméstica no primeiro semestre de 2022, de acordo com levantamento da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).
As mulheres negras seguem sendo as principais vítimas de feminicídio e outros tipos de violência no país, escancarando o racismo estrutural que assola o Brasil. A expectativa de vida das mulheres trans é de apenas 35 anos. Pelo 14º ano consecutivo, o nosso país segue no topo da lista dos países mais perigosos do mundo para mulheres transexuais e travestis.
Além da violência de gênero, as mulheres também sofrem com a desigualdade social. Por isso, a luta por melhores condições de vida e de trabalho, bem como por moradia, terra e contra o racismo, ainda é muito necessária, pois, os anos passam e a maior parte das mulheres brasileiras segue sofrendo com o descaso dos governos.
Araucária
Em Araucária não é diferente. Na luta por moradia, as famílias do Jardim Magnópolis, em sua maioria chefiadas por mulheres, vivem a incerteza do risco de despejo. Isso porque no início deste ano algumas famílias foram despejadas da área e as moradoras relatam que não está havendo canais de negociação com a Prefeitura e outros órgãos públicos.
O pedido de reintegração de posse foi feito pela Companhia de Iluminação do Paraná (Copel). As famílias ameaçadas de despejo vivem no Jardim Magnópolis desde as décadas de 1970 e 1980. Como elas e os filhos vão ficar sem sequer uma casa para morar?
Na educação pública municipal, o magistério, composto majoritariamente por mulheres, está travando uma grande luta em defesa do plano de carreira, da aposentadoria e do Fundo de Previdência. Isso porque o prefeito Hissam Hussein Dehaini contratou uma empresa privada por cerca de R$ 11 milhões, sem licitação, para dar “embasamento técnico” a ataques aos serviços públicos, como a Educação, Saúde e Assistência Social.
Uma das propostas apresentadas por essa empresa privada, a Fundação Instituto de Administração (FIA), que por onde passou deixou rastros de destruição nos serviços públicos, é uma reforma da previdência machista, que sugere que as mulheres tenham que trabalhar 7 anos a mais, enquanto homens teriam que trabalhar 5 anos a mais para ter o direito à aposentadoria.
Outra proposta é a de taxar as aposentadas que recebem salários abaixo do teto do INSS. No magistério, a maioria absoluta das aposentadas são mulheres que dedicaram uma vida inteira à educação no município e que, hoje, recebem valores baixos de aposentadoria. Muitos municípios já se negaram a fazer essa taxação absurda.
E a Prefeitura de Araucária, será que vai acatar essas propostas?
Por todos esses motivos, dia 8 de março não é dia de comemoração, mas sim de luta pelos direitos das mulheres e de reflexões sobre a situação delas no Brasil.
O SISMMAR aproveita esta importante data para homenagear todas as mulheres e reafirmar que segue, ombro a ombro, comprometido com a luta por igualdade de gênero, melhores condições de vida e de trabalho, moradia, terra e contra o racismo e todo tipo de violência imposta pelo patriarcado.
Um grande viva às mulheres de luta! Machistas não passarão!