Coluna do SISMMAR publicada na edição desta quinta-feira (22) do jornal O Popular
Jair Bolsonaro, além de entrar para a história como um dos piores presidentes do Brasil, certamente também estará na história como o presidente mais cínico das últimas décadas. Antes de ter seu vice-líder de governo, o senador Chico Rodrigues, flagrado pela Polícia Federal com R$ 30 mil escondidos nas nádegas, chegou a afirmar que em seu governo “não existe corrupção”. Depois do fato, seguiu reafirmando a mentira deslavada.
Muito antes desse escândalo, Bolsonaro também afirmou que não existe fome no Brasil. Para o presidente é simples, pois se ele acaba com os mecanismos de combate à corrupção, então não existe corrupção. Se ele simplesmente ignora 55 milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza, então não existe quem passe fome neste país.
Bolsonaro debocha do povo brasileiro, hoje nocauteado com mais de 13 milhões de desempregados e vendo os alimentos básicos a cada dia mais caros nos supermercados. Diz que não há corrupção ao mesmo tempo em que não dá explicações sobre os R$ 89 mil depositados por Fabrício Queiroz na conta de Michelle Bolsonaro. Em que Brasil o presidente vive?
Se somos um país já bastante acostumado com a corrupção que houve em absolutamente todos os governos, atualmente essa corrupção é ainda mais escancarada. Seja nos esquemas de emendas parlamentares do Congresso para comprar o centrão, seja nos escândalos que envolvem os filhos de Bolsonaro, o fato é que a corrupção avança a níveis estratosféricos no Brasil.
No entanto, a lógica perversa deste desgoverno é a negação da realidade. Não é à toa que entre o eleitorado do presidente predominam os mais diversos tipos de correntes negacionistas, como o pessoal que acredita que a terra é plana ou os que se negam, desde já, a tomar as vacinas que poderão combater a pandemia que já levou mais de 154 mil pessoas a óbito no país.
Neste Brasil de mentiras horrendas, a Educação Pública é certamente a ferramenta mais eficiente para a transformação social. E é justamente por isso que Bolsonaro e todos os seus aliados atacam a escola pública. Eles sabem que manter o povo na ignorância é essencial para avançar com seus esquemas de rachadinhas e dinheiro nas nádegas. A educação é libertadora e é por isso que os professores são inimigos do presidente cínico.
O senador Chico Rodrigues, vice-líder do governo Bolsonaro, é só mais um exemplo do mau-caratismo das figuras político partidárias. Não tem vergonha de afirmar, após ter sido pego em flagrante pela PF, que é inocente. Esse é o tamanho do descaramento de quem rouba dinheiro do combate à Covid-19 com a certeza da impunidade. Ou alguém duvida que o senador saiu impune?
Enquanto os pobres e negros são encarcerados em massa nos presídios, o senador, do alto da estupidez das manobras permitidas pelas leis brasileiras, foi apenas afastado de seu cargo e desfruta do conforto do lar de um burguês, além do próprio filho poder assumir o mandato. Definitivamente, essa é a cara do Brasil “sem corrupção” de Bolsonaro: as desigualdades, a miséria, a injustiça e a corrupção não existem se não falarmos delas.