O assunto da vez é a escala 6×1, modelo no qual se trabalha 6 dias e descansa apenas 1. Essa escala é muito comum para trabalhadores de shoppings e fábricas, balconistas de farmácia, comércio em geral e vários outros setores. O tema ganhou força e viralizou nas redes sociais após a PEC da Deputada Federal Erika Hilton (PSOL).
Na proposta da deputada, a jornada de trabalho que na CLT atualmente é de 44 horas semanais passaria a ser de 36 horas. Hoje (13), a parlamentar conseguiu reunir as mais de 171 assinaturas necessárias para que a Proposta de Emenda Constitucional tramite no Congresso. No total, já são 194 assinaturas de parlamentares.
A jornada da exaustão
A escala 6×1 é a jornada da exaustão e adoecimento da classe trabalhadora. É o modelo de contrato no qual trabalhadoras e trabalhadores não têm tempo para a família, lazer ou acesso à cidade. Essa escala entrou em vigor em 1943, no governo Getúlio Vargas, e de lá para cá, mais de 8 décadas já se passaram sem qualquer avanço.
Sempre na defesa de avanços nos direitos trabalhistas, o SISMMAR apoia o fim da escala 6×1 e a redução da jornada de trabalho. O sindicato se soma ao movimento sindical nacional que ganha força pelo país e convoca as trabalhadoras e trabalhadores para que fortaleçam essa luta nas ruas e façam a pressão popular pela aprovação da PEC.
Os professores são exemplos de profissionais com jornadas que adoecem. Na teoria, um docente tem um padrão de até 40 horas por semana, mas a realidade é bem diferente. É muito comum que professores trabalhem no sábado e/ou domingo para dar conta de tarefas, como elaboração e correção de provas, planejamento e atividades escolares, entre outras, sem receber hora-extra por isso.
Essa jornada extremamente desgastante, somada aos ataques de direitos do funcionalismo, vem resultando no adoecimento da categoria do magistério. Essa informação, embora seja relacionada a servidores estatutários, só reforça a necessidade da redução da jornada para que trabalhadores CLT tenham vida além do trabalho.
O Congresso
O Congresso Nacional hoje está dominado por representantes do empresariado, da direita e extrema-direita, que já correram atacar a proposta. É por isso que será necessário que o povo se mobilize nas ruas e pressione para que seja possível alcançar a vitória e acabar com a escala do adoecimento e desumanização.
Vale recorrer à história para lembrar como foi e é a luta por direitos trabalhistas. Na época em que se propôs o fim da escravidão, o pagamento do 13º salário, férias remuneradas e licença-maternidade e paternidade, o discurso foi de que esses direitos “quebrariam” a economia do país – o que não ocorreu.
A classe patronal e veículos da grande mídia já estão com essa mesma narrativa agora e afirmam que o fim da escala 6×1 vai quebrar o país e os empresários, o que não é verdade. Além do Brasil estar entre as 10 maiores economias do mundo, muitas empresas já trabalham com a redução da jornada de trabalho e não quebraram, pelo contrário, perceberam que os funcionários adoecem menos e produzem mais.
Ato em Curitiba
O movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que ganhou muita visibilidade nas redes sociais e foi fundamental para a iniciativa da deputada Erika Hilton, está puxando atos pelo fim da escala 6×1 em todas as capitais e regiões do Brasil. Os protestos vão ocorrer neste feriado de 15 de novembro.
Em Curitiba, o ato será realizado nesta sexta-feira (15), a partir das 15h, com concentração na Praça Santos Andrade. Venha somar nessa luta, somente juntos e juntas vamos avançar nos direitos trabalhistas!